História

(Desconhecemos o autor deste texto, escrito em 2007/2008)

Uma entidade estudantil, como os centro acadêmicos, os diretórios acadêmicos, etc. não podem ser tomados como algo em si, um fetichismo dos burocratas, dos oportunistas, que vêem numa entidade sempre uma forma de ascender pessoalmente; ou ainda de grupos políticos que a usam para promover-se, desviando seus recursos ou manipulando as decisões tomadas pelos estudantes.

Então qual é o sentido de dizer em um manual do calouro a história do Cafil? Não seria reafirmar esse fetichismo, essencializar a entidade? Isso depende do modo como for contada essa história. Queremos aqui reconstruí-la, mostrar seu fluxo, seus avanços e retrocessos, para perceber que nenhuma entidade é estática, e sim tão variável quanto o próprio movimento estudantil.

Antes do Cafil, havia um único centro acadêmico no IFCH, o CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas). Durante muitos anos os estudantes de filosofia não se sentiram representados por esse centro acadêmico e, numa assembléia do CACH, decidiram fundar o Cafil.

O novo centro acadêmico que surgiu era provocativo, inovador, e, dentre suas propostas inusitadas, a mais destoante era a criação de um regime monarquista, que somente acabaria quando o monarca se formasse e passasse seu trono para um calouro. Esse movimento durou pouco, pois foi necessária a criação de um estatuto conforme ao código civil e, nas eleições que seguiram, venceu a chapa Telos.

A gestão Telos se mostrou tudo que o movimento anterior queria evitar para o Cafil: era uma chapa burocrata, legalista, que fazia as reuniões apenas porque estavam no estatuto. Não fazia discussão política alguma, não chamava os estudantes para a assembléia, alegando que “os estudantes não se interessam pelo Cafil”. Assim, alguns estudantes chamaram uma assembléia extraordinária, dizendo que a gestão Telos não chamou os estudantes para a assembléia orçamentária (que vota o orçamento anual do Cafil) e aprovou aquilo que era de interesse pessoal dos membros da chapa. Nessa assembléia extraordinária foi aprovada a dissolução da gestão Telos e a criação de uma gestão provisória até novas eleições.

Esse quadro de intenso debate político fez com que a próxima chapa tivesse a preocupação de chamar os estudantes para as reuniões e assembléias. Houve, ainda, um direcionamento político para as ações do Cafil, realizaram-se saraus, mostras literárias, discussões sobre a greve, além da criação do boletim do Cafil que, em parte, retomava as características do movimento de fundação: inovador, criativo e provocativo.

A próxima gestão parecia estender o trabalho da gestão anterior. A calourada (feita pelas duas gestões) foi extremamente politizada, de intensa participação dos calouros. A partir da calourada, entretanto, a maior parte dos membros da gestão não parecia comprometida com o Cafil e, numa assembléia durante o meio de ano, deliberou-se a criação de conselhos.

Os conselhos agilizaram e organizaram a produção do centro acadêmico. Cabe aqui destacar dois principais conselhos: o conselho estatutário que discutiu, formulou e votou em assembléia o novo estatuto do Cafil; e o conselho de extensão, que criou O Corujão, que hoje funciona como um projeto independente.

No ano seguinte, entretanto, criou-se uma nova chapa. Essa chapa era extensa e procurava agregar todos que participavam do Cafil na época, para garantir que a gestão não se descolasse dos estudantes e aprofundasse o modelo de conselhos. Entretanto, a nova gestão, apesar de mais membros, também por falta de comprometimento dos seus membros, dissolveu mais rapidamente que a anterior.

Nesse momento, a participação dos estudantes não era tão intensa como outrora e, sem estudantes comprometidos em chamar as reuniões e fazer propostas, os conselhos se desfizeram. Em poucos meses o Cafil novamente se tornava um centro acadêmico esvaziado e sem debate político.

A última gestão, que assume nessa calourada, tem como proposta retomar os conselhos, incentivar a participação dos estudantes e fomentar o debate político, para que o Cafil não volte a ser uma entidade estéril e burocrata. É por isso que convidamos vocês, calouros, para participarem de nosso centro acadêmico, o centro acadêmicos dos estudantes de filosofia.Somente a participação maciça garantirá que a nova gestão decida sempre o que foi de interesse a maioria dos estudantes de filosofia.