Relato do CRU de homologação da chapa "Nada Será Como Antes"

Gostaria de apresentar um relato do CRU (Conselho de Representantes de Unidade) do dia 19/12, que teve o objetivo de homologar a chapa "Nada Será Como Antes" na gestão do DCE. Gostaria, também, de apresentar as minhas impressões pessoais sobre o cenário político na Unicamp. Ressalto que o escrito aqui reflete exclusivamente a minha opinião e em hipótese alguma visa representar a opinião da gestão do CAFIL e muito menos dos estudantes da Filosofia.

O processo eleitoral desse ano foi bastante conturbado, com o surgimento de um novo ator político (UJS) que não estava presente nas eleições anteriores. Nas eleições desse ano haviam quatro chapas inscritas:

Nada Será Como Antes (UJS - PCdoB)
Não Baixe a Guarda (Coletivo Domínio Público - PSOL)
Aos que tem Nada, tudo (LER-QI)
Há quem Sambe Diferente (Coletivo Pra Fazer Diferente - PSTU)

A reunião começou com diversas denúncias de machismo, opressão e outras atitudes agressivas da chapa vencedora, além de irregularidades na prestação de contas da chapa (giros não contabilizados, marmitas e pessoas que vieram de fora para ajudar na campanha). A maior parte das denúncias vieram de apoiadores ou membros da chapa "Não Baixe a Guarda". O representande do CAB (CA da Biologia) disse que o CAB se comprometerá a fiscalizar a chapa eleita. A Comissão Eleitoral distribuiu um comunicado relatando uma série de ocorrências problemáticas que ocorreram durante o processo eleitoral, a maioria delas envolvendo a chapa "Nada Será como Antes".

Passaram pelas minhas mãos a prestação de contas de três das quatro chapas. A chapa "Não Baixe a Guarda" apresentava cerca de R$2800 de entrada e R$5000 de saída de recursos, faltando contabilizar cerca de R$2000 de recursos. Quando levantei o problema, eles me responderam que os recursos adicionais vieram através da acumulação de dívidas. A chapa "Há quem sambe diferente" me pareceu ter uma prestação de contas adequada, com relato de doações da APEOESP e do STU. A prestação de contas da chapa "Nada Será como Antes" estava de fato muito ruim, com inúmeros problemas, contas que não batiam e sem apontar a origem de muito dos recursos.

O entendimento do CRU foi de homologar a posse da chapa "Nada Será Como Antes" e esse foi meu entendimento também. O representante do CABS sugeriu que a chapa só fosse homologada depois que as contas tivessem sido analisadas pelo CRU, mas a proposta não teve apoio. Nenhuma chapa apresentou pedido de impugnação, preferindo relevar o caráter democrático das eleições. Foi decidido que a prestação de contas seria refeita e que seria criada uma comissão de representantes de Centros Acadêmicos para reavaliar a prestação de contas das chapas.

Penso que a derrota do Coletivo Domínio Público, depois de 15 anos ocupando o DCE da Unicamp, foi bastante positiva. Particularmente, sou a favor de muitas das propostas da nova chapa, com vistas de promover a inclusão, aumentar a transparência e a participação dos estudantes. Propostas, inclusive, presentes na carta proposta da gestão atual do CAFIL. No entanto, vejo com bastante receio a campanha agressiva da chapa, se aproveitando do poder político e financeiro da UJS. O DCE corre o risco de ser aparelhado para servir aos interesses da UNE, controlada pela UJS. Antes era o PSOL, agora é o PCdoB, e a política lá fora acaba escondendo as demandas reais de estudantes reais. Estudantes que, por não estarem organizados, acabam permitindo que o DCE seja usado para fins outros que não a representação dos estudantes e assim abrem mão da sua representação política.

Defendo um DCE dos estudantes para os estudantes, mas para que isso ocorra, deve haver participação efetiva. Devemos nos considerar, cada um de nós, como atores políticos no seu espaço, e atuar para que o interesse dos estudantes prevaleça. Faço votos para que a chapa vencedora de fato se proponha a ouvir e dialogar, com abertura e transparência, inaugurando uma nova fase do DCE da Unicamp. Faço votos para que todos participem do movimento estudantil, de maneira crítica e não permitindo que a entidade de representação dos estudantes da Unicamp sirva como plataforma de apoio para interesses que não são os interesses dos estudantes da Unicamp. Pois tenho certeza que a maioria dos estudantes que votaram na chapa não votou na UNE, nem na UJS. Votaram nas propostas da chapa e votaram porque viram uma oportunidade de serem de fato ouvidos, nas suas diferenças, nas suas discordâncias.

Eric Velten de Melo

Membro da gestão do CAFIL, chapa CHIFRE 2014 (Chapa da Integração Filosófica Revolucionária Estratégica)